Wednesday, October 5, 2011

Mais 20 dias de aula por ano ou período integral?

Por Adilson Torres dos Santos, o Sapão
Após o baixo desempenho das escolas públicas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgado recentemente, o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou que o governo estuda ampliar a jornada nas escolas com mais horas de aula por dia ou com mais dias letivos no ano - passando de 200 para 220 dias.
Os especialistas ouvidos pelos jornalistas do Portal Terra acham que 20 dias a mais não fariam muita diferença na formação dos alunos. E sugerem que se invista no período integral. O governo, claro, tende a adotar os 20 dias a mais. Daria para justificar os discursos e todos fingiriam que o País estava tentando melhorar a educação nas escolas públicas. Mas bastaria outro Enem para que as desculpas esfarrapadas caíssem por  terra.
Por isso, defendemos a adoção das escolas com período integral. O que pega é o custo. Mas até para isso há uma solução. Existe uma proposta de o governo brasileiro, em todos os níveis, investir 10% do PIB na Educação.
Atualmente, investimos 7%. Com a ampliação dos investimentos, mais um monitoramento de pais e mestres e da sociedade civil, para se evitar desvios e corrupção, talvez consigamos tirar dos discursos a tão sonhada Educação de qualidade nas escolas públicas brasileiras.
Enquanto nossos filhos e filhas passarem pelas escolas públicas e saírem sem saber o necessário para a sobrevivência, ainda estaremos sendo vítimas de uma política pública adotada na época da ditadura militar. E os governos que fingirem que resolvem a situação e nada fazerem continuarão cúmplices das políticas educacionais adotadas nos tempos da ditadura.
Os militares desmantelaram a escola pública e os filhos dos pobres, sem alternativa das escolas particulares, foram submetidos a essa humilhação. Portanto, se o governo brasileiro quer mesmo resgatar a Educação no País terá muito trabalho e muito investimento à frente. Um resgate que só será completo com a valorização e o respeito social pelos professores.
Pois uma educação de qualidade implica numa escola altamente preparada para educar bem seja nas quatro horas diárias ou no período integral. Todos os dias do ano. Para tanto, o Estado brasileiro precisa investir na motivação dos professores, através de salários respeitáveis, com mais qualificação e plano de carreira.
Com o envolvimento das famílias e o repasse, quando o aluno não tiver condições econômicas, de material didático que lhes garantam oportunidades iguais às que os filhos das famílias em melhores condições econômicas têm acesso.
Só assim teremos uma Educação universal, que não discrimina e nem exclui os mais pobres. Que se transformará, de verdade, em investimento no futuro do Brasil, quando precisaremos da excelência educacional para nos ajustarmos com condições de competir à economia cada vez mais globalizada
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